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CIRCUITO HIP HOP MOZ SEGUINDO EM FRENTE MAS POR VEZES SEU DESTINO PARECE INCERTO. 


Saúdo a todos aqueles que se identificam com a causa HIP HOP

Esta palavra, (hip hop) quando aparece em qualquer texto, os olhos dos hip hopers ficam imediatamente hiptotizados que nem os dum homem solteiro quando vêem uma mulher com atributos físicos um pouco acima da média, eles brilham depois seguem cada movimento dela. Neste texto ela serve de isca para engatar atenção daqueles que amam esta cultura. A maioria não nutre gosto pela leitura mas quando o assunto é hip hop acabam ficando hipnotizados com aquela palavra e sem se darem conta lêem o texto todo. 

Olhemos pra algumas palavras do título: vamos começar por "CIRCUITO":
Em conversas informais nesses hip hop grupos de WhatsApp ouvi que nós cá em Moçambique não temos COMUNIDADE hip hop (se é verdade ou mentira não vem ao caso, aliás este tipo de assuntos são complicados de se discutir) portanto, esta palavra (circuito) safa-me tanto dos donos desta ou daquela verdade, bem como da massada de ter que ir ao Google procurar uma palavra adequada pra encaixar no titulo.
A seguir vamos descascar um pedaço deste título: "SEGUINDO EM FRENTE... DESTINO INCERTO".
Ora bem:
É sabido por todo RAPista que a sociedade moçambicana (em particular) sempre associou o rap a tudo o que existe de mal (drogas, roubos, vandalismo, falta de educação etc).
 Os outros estilos musicais são tratados com uma cortesia de invejar, até mesmo o reggae que por natureza, é um estilo aparentemente diferente dos outros, pois a maioria dos seus fazedores e amantes apresentam-se com aqueles cabelos "rasta" ou dreadlocks, barba despenteada e mal cuidada(em alguns casos), aquele gorro de três cores que mesmo com um sol ardente não sai da cabeça...mesmo assim, os "reggae men" são tratados como gente, (não digo que não são) agora um rapper, ao se juntar a um aglomerado de gente usando um boné e umas calças de ganga razoavelmente largas, mesmo sem dizer uma palavra, mesmo sendo educado o suficiente, as pessoas "anti-rapistas" vão logo dizendo: - são esses repistas molwenes, querem nos roubar aqui".
Ok, isto é música pra nossos ouvidos, todos nós repistas já vivemos um ou vários episódios destes, e sobrevivemos heroicamente à estas fútilidades.
O engraçado é que, as pessoas que olham para o rap como um estilo fora dos padrões, (os anti-rapistas) apenas se distanciam e falam mal, mas nós os protagonistas fazemos algo pior, criamos sistematicamente vários obstáculos dentro do nosso rap que à prior está infectado pelo "vírus da rejeição". Não sei bem se isto é propositado ou acontece inconscientemente, mas algumas das nossas acções dentro do movimento só inviabilizam cada vez mais a nossa luta que é de levar o rap aos ouvidos dos consumidores de música.

Meus irmãos, vamos parar de olhar o rap como UM ESTILO DE MÚSICA, isso nos isola do resto do mundo, (principalmente nós os tais andagraundes) olhemos para o RAP COMO MÚSICA, afinal é isso mesmo que RAP é: MÚSICA.
Vamos deixar de tentar padroniza-lo, façamos rap pras massas, vamos vender o rap. Ora eu não tenho nada contra aquelas pessoas que estão preocupadas com liricismo, que seguem a sua evolução, gente que busca novas técnicas na escrita etc, sou afavor da inovação, mas uma coisa é certa: NÃO PODEMOS TODOS VIAJAR NO MESMO BARCO, esta não é a única forma de "chegarmos a Roma" pode até ser a mais correta e talvez a mais concorrida quiçá a mais transversal, mas repito, NÃO É A ÚNICA FORMA DE ELEVAR O NOSSO RAP ALÉM FRONTEIRAS.
A título de exemplo, nesta última semana li uma citação no mural do ilustre rapper TERABYTE ESPADACHIM da autoria do BOSS AC, que dizia qualquer coisa como: "faça rap inteligente, busque a transmita conhecimento através do rap, estude, leia livros e procure outras fontes, o importante é transmitir conhecimento".
 - (Eu usei palavras minhas aqui porque não sei o que se passou no mural do senhor das 1001 espadas, está difícil encontrar o post lá pois já data de alguns dias, e pra piorar, este senhor estava com celular desligado durante fim de semana quando escrevi o texto, mas enfim deixei ficar a súmula).
Quero com estas palavras do mestre AC dizer que o conhecimento tem várias fontes, umas mais eficazes e recomendáveis que as outras, a escola destaca-se mas não é única. O conhecimento é a única riqueza que, quando a adquires, a única forma de usufruir dela e de torná-la cada vez mais sustentável é partilhando-a com os outros.
Nós rapistas sabemos muito bem que a música no geral e o RAP em particular transmite conhecimento, não é só RAP do Valete que tem esse poder por ser interpretado em português, com um vocabulário muito bem seleccionado, Valete "repa" muito bem em português, língua só dos PALOP, mas eu tenho certeza que ele é ouvido e adorado em outros cantos que não se fala esta língua porque o rap dele anima, um chinês que gosta de rap pode curtir Valete e abanar a cabeça do mesmo jeito que eu quando curto FAFF LARAGE, HOKUS POKUS(perdoem-me errei os nomes é porque não falo francês😂😂) mas não apanho patavina.
A música (microfone) do BANTU SCRIBA e ID é maning raw, eu vibro quando escuto aquele som mas papo entra dum ouvido e sai do outro...epah são muitos exemplos, DZINGÀCHÁ (pode amanhecer).
Voltando um pouco ao Valete, mesmo repando em português que é nossa língua oficial, o vocabulário dele nem todos apanhamos mas todos curtimos a sua música.

Sendo assim irmãos, chega de "carangueijar", sigamos em frente firmemente, o rap ainda precisa derrubar enormes  barreiras e sanar estereótipos que ainda residem nos corações de algumas pessoas de decisão, nós é que devemos fazer isso acontecer.
 A nossa missão é vender o rap, transmitir ou partilhar conhecimento adquirido ao longo dos anos em diversas vicissitudes da vida, isso de que "quem repa em changana, eu que sou macua não entendo, tens que traduzir pra eu entender porque de contrário não vou comprar teu disco" tem que parar, isso só retarda a nossa missão e nos isola, se és macua, masena mandau etc, faça rap na tua língua também, capriche o máximo, partilhe o teu conhecimento da maneira mais conveniente e simples que conheces, livre-te das barreiras linguísticas, na música elas não existem,  as pessoas só querem trabalho bem feito, tudo o que é bom vende.
Lembremos, A MÚSICA POSSUE LÍNGUAGEM UNIVERSAL, Oliver Ngoma era oriundo do Gabão, a língua com que cantou as suas músicas não sei identificar, mas a música dele até hoje ainda toca um pouco pelo mundo todo, Tsala Mwana, Awilo Longomba idem, discos dos GHORWANE e KAPPA DECH até hoje ainda vendem na França, Alemanha, Noruega, mas ninguém fala changana lá, MR Bow é uma febre nacional actualmente, mas a partir do Rio save pra o norte ninguém fala changana.
Estou a usar estes exemplos de forma propositada, mesmo pra reiterar que rap é música também, sou livre de comparar Lorena Nhate com Gina Pepa, Azagaia com Ubakka quandor eu bem quiser, todos são artistas.
Vamos lá sair da caixinha de fósforos, a nossa missão é massificar o nosso rap pelo menos a nível local como os ZIQOS uma vez fizeram com pandza, já agora um abraço muito forte para a RDP aka REPÚBLICA DO PANDZA, esses jovens sabem lutar por uma causa, são um exemplo a seguir.


  • Eu sou MALUME WAKA, este texto é dedicado a todos os rappers que lutam pela valorização e conservação dos nossos dialetos através da música, aqueles que acreditam em fontes alternativas de busca e partilha conhecimento:
- MBENGA MC
- MUKUPUYA, NHEZ (TIMBONI TA JAH)
- VELOSIO GAJO YA NTAMU
- ERNESTY TALAVAKULU
- HOMOPLATA
- DINGZWAYU & S GEE(XITIKU NI MBAULA)
- SIPA MATANGALANE
- ENNOSPECK XIBALAKATSA
- BANTU SCRIBBA
- PROUD RASO
- KENNYSITES MUBANGU
TODO O NIGGA QUE TEM PELO MENOS UMA LETRA NA SUA LÍNGUA MATERNA, GRAVE ESSA CENA E PUBLIQUE, NÃO TENHA RECEIO NEM VERGONHA, LEMBRE-SE QUE O INGLÊS, PORTUGUÊS, FRANCÊS, ALEMÃO ETC SÃO DIALETOS TAMBÉM.

-RIP Hip Hop Pantsula!

PS: Estou completamente ciente de que temos rappers locais com ambição de conquistar o mercado lusófono o que é muito bom, sei também que este mercado é muito exigente, dada a sua dimensão e importância, por conta disso perecebo e reconheco o esforço de alguns rappers em fazer aquelas letras que pra mim só são possíveis com papel, caneta, dicionário ou Google ao lado. Há um ditado que diz: "Dream big you'll be big"(sonhe grande e serás grande), mas em contrapartida  outro ditado muito usado cá em casa diz: "é do pequeno que se torce o pepino". 
Cada qual com a sua estratégia nem? então vamos dar espaço a todos, tanto aos que preferem investir num mercado mais localizado pra depois expandir, e também aos que preferem investir em mercados mais extensos logo à primeira. Não me esqueço de parabenizar aos que já conseguiram transpor as barreiras, vocês são a nossa motivação. 



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