Avançar para o conteúdo principal

HIP HOP MOZ IS DOOMED!!! 


Este e um daqueles textos que sempre quis escrever, mas sempre exitei por vários motivos, mas hoje resolvi colocar minha cabeça na guilhotina...
Dane-se, estou pouco me lixando pra os Doutores, os Mestres e PHDs em HIPHOPologia, aqueles que pensam são donos da razão, os que foram a universidade pra aprender um monte de palavras complicadas, pra exibi-las em em vários fóruns de debate sobre esta cultura, e desta forma limitar, desmotivar e ridicularizar àqueles que por várias razões não chegaram a esses níveis de escolaridade mas são membros deste movimento, e também querem contribuir com ideias e opiniões pra o desenvolvimento da mesma no nosso país. 


DJ, MC, BBOY, GRAFFITI, são os quatro elementos principais da cultura hip hop, que duma forma gradual se enquadraram em Moçambique.
Em 1993, DJ Zema mix e o Digital MC lançaram um hit que tinha o título "TCHIKIZA", foge me o nome do autor da instrumental mas lembro das letras que o Digital interpretou, são dos Kriss Kross, música JUMP, do álbum "total crossed out" de 1992. Aqui já se manifestavam dois elementos do hip hop(DJ e MC).

No mesmo ano conheci na escola secundária de Lhanguene (onde estudava na altura) o grupo TEQUILA BOYS (liderado por Palu e Honório), representava o bairro 25 de junho, outro grupo que conheci na mesma época foi RENAMO BOYS, esse era do Chamankulo ou Alto-mae, não me lembro muito bem. Estes grupos Dançavam o BREAK, em vários locais, em competições ou apresentações simples.
Mais um elemento já estava estabelecido  naquela altura...BBOYing.

Na mesma época o GRAFITTI também já se fazia sentir nos muros das escolas, embora duma maneira tímida, haviam poucos grafiteiros e todos não queriam ser identificados, mas um que não me esqueço é um tal de NIQUES ou NICKES, ele usava um TAG, #FIDO #DIDO, era uma marca registada na Lhanguene. Outro grafiteiro muito ousado foi o OG DEUCE, este assinava até nos autocarros dos TPU aka TPM aka EMTPM.
Portanto os 4 elementos da cultura hip hop se estabeleceram pelo menos em Maputo logo no início da década de 90. Deve ser por isso que muitos jovens que decidiram aventurar-se na música naquela altura, apostaram no RAP. Não sei bem se foi por causa da aparente facilidade de cantar que o rap sempre deixou transparecer principalmente àqueles que querem entrar no mundo da música, ou talvez porque este era o estilo que já tinha todas as suas raízes implantadas no terreno.

A verdade é que este estilo musical ganhou atenção de quase toda a geração pôs independência, nos últimos anos, os músicos, cantores, políticos, advogados,funcionários bancários, alfandegários, empresários etc,a maioria daqueles que estão a liderar agora...tiveram uma passagem pelo hip hop, alguns ainda estão dentro ou seguem de perto.

No debate que aconteceu na GUNGU TV há poucos meses, o Gilberto Mendes disse algo que não me sai da cabeça:

"Em todas as disciplinas musicais(PANDZA, KIZOMBA etc) o rap é a que contém mais jovens formados,  há muita MASSA CINZENTA aqui."

É uma verdade absoluta esta, mas a outra  verdade é : esta cultura que está hà mais de 20anos no país, mesmo com vários programas radiofónicos e televisivos virados exclusivamente a sua divulgação e promoção, mesmo com a tal massa cinzenta, não se faz sentir.
 GM até chegou a dizer: "há alguma coisa de errado que vocês estão a fazer pra que o hip hop não densevolva".
E a desculpa foi que o rap está sendo barrado pelo sistema por causa da frontalidade e conteúdo explícito. Eu até quero concordar com isto, mas olhando bem no fundo da coisa, vejo tantos outros factores que retardam o desenvolvimento desta.
A comunidade hip hop está cheia de vilões e caranguejos, invejosos e fala-baratos. É por isto que "O PROGRESSO NUNCA AVANÇA", porque somos todos rappers, somos todos críticos... Não há respeito entre rappers, ninguém sabe respeitar o nome ou trabalho do outro.
Com o surgimento das redes sociais, todas as conversas dos bastidores, as fofocas ganharam asas pra voar o mundo todo, criam-se grupos  principalmente no Whatsapp, com o objectivo de unir a maioria dos actores, e em forma de debates frequentes e construtivos, revolucionar o movimento. Eu já fiz parte destes grupos e continuo fazendo parte dum e outro, mas não perco meu tempo em tentar contribuir com ideias, porque a arrogância de alguns membros me tira do sério, há muito protagonismo nestes grupos, a relevância do tema que é proposto pra debate, depende muito do nome e nível académico da pessoa que propõe, e não do tema em si.

Críticos anónimos são os canais de divulgação das frustrações dos invejosos, descontentes e covardes que não têm coragem pra se pronunciar abertamente. Surgem depois de cada publicação, vários comentários favoráveis ao pensamento do mascarado, sobretudo quando o assunto é ridicularizar trabalho dum rapper renomado, ai todos tem opinião, todos conseguem detectar erros de todo tipo, sabem até avaliar dicção, rimas etc... todos viram experts, e se você entrar  a defender ao tal rapper é chamado de escovinha ou lambe-botas.

Eu não sou muito entendido na matéria do hip hop, sou um amante desta cultura desde a minha adolescência, acompanho muito o hip hop norte americano porque é o pioneiro e me identifico muito com ele, e respeito muito o hip hop francês, embora não entendo a língua, mas sei de fontes seguras que e um dos melhores do mundo, agora no hip hop da CPLP eu prefiro o de Moçambique, porque  esses outros países (excluído Brasil) são curiosos como nós, alguns estão mais organizados, mas não deixam de ser curiosos.

O Hip hop moçambicano sairá das trevas no dia em que os apresentadores de programa de hip hop não forem rappers, os realizadores de eventos de hip hop não forem rappers, o hip hop moçambicano precisa de agentes imparciais, determinados e focados no desenvolvimento da cultura sem nepotismo.
Devia haver eleições pra se escolher pessoas esclarecidas, que teriam a missão de avaliar ou criticar aquelas músicas que geram debate.

Estas são algumas ideias que, na minha opinião, se forem postas em prática, podem tirar o hip hop do estado em que está hoje.

NB: Na parte em que falo dos DIGITAL MC, ZEMA, TEQUILA BOYS ETC não estou a falar do início do hip hop em Moçambique, estou a citar os nomes que preenchem o meu mundo hip hop, aquilo que eu vivi, são memórias minhas.
 Não façam confusão.
Feliz ano novo que já chegou.

#IamDoneNowYouCanShootMe!!!

AG'sa Waka Siderurgia
#Oobservador

Comentários

Mensagens populares deste blogue

CREDENCIAL ! Esta foi a palavra escolhida pelo rapper PROUD RASO, membro do coletivo KNB pra dar título a sua primeira obra que vem sendo preparada há pouco mais de 3 anos. Credencial é uma EP composta por 5 faixas com temas diversificados mas o amor é o predominante nesta obra, dada a enclinação que o P.R.D tem pra com assuntos do coração. Raso é um rapper com uma capacidade invejável de criação de versos melódicos para coros e uma habilidade de DELIVERY bastante cativante. Nesta EP ele contou com várias participações luxuosas com especial destaque para o não menos conhecido cantor e compositor R&B moçambicano SIFISO. A obra estará  disponível brevemente, em formato digital, e conta com apoios da CD Records, e do seu irmão mais velho ATHOS RASO. Ela levará o selo da KNB MUSIC, um departamento do PROJECTO KNB que visa promover trabalhos individuais e colectivos dos membros deste projecto e não só. Mais notícias sobre esta obra nos próximos dias!
CREDENCIAL! "O RAIO X" DO CORAÇÃO DO PROUD RASO! Conforme prometido na semana finda, a EXTENDED PLAY do rapper PROUD RASO já está disponível pra download, pessoalmente baixei logo as primeiras horas de hoje e desde que o fiz só tirei os auriculares dos meus ouvidos porque preciso manter carga no meu telemóvel até ao final do dia 😂😂😂😂😂. Ousei chamar esta obra por "raio X do Proud" por uma razão: conheço suficientemente este jovem, e ouvindo as músicas desta EP sinto que não viajou nem um pouco na imaginação, ele nos trouxe um pedaço da sua personalidade, a realidade dele está estampada em cada uma das músicas desta obra. Proud é um jovem moderno, que tem rap nas veias, um coração cheio de amor pra dar, amor este que é extensivo, começa pelo sexo oposto, estende-se até ao seu próximo...e pra completar a dose, o seu louvor pelo Senhor dos Céus é mais uma das manifestações do amor, aliás, a mais sagrada... uma qualidade rara em jovens que fazem este estilo d